Governança Corporativa como solução para empresas sustentáveis

O fomento de atividades econômico-financeiras se dá há muito tempo na História. A expansão territorial mundial, no século XV, apenas aconteceu por conta do financiamento das viagens exploratórias pelos investidores que ficavam com os dividendos dos resultados. Logo, cotizar o capital em ações é uma saída de financiamento para empresas e retorno para investidores.

E o que muda?

Para que tais relações se estabeleçam com riscos mitigados e perspectivas maiores de garantias – e que possa haver a dinâmica do ”ganha-ganha” para todos os envolvidos – se fazem necessárias boas práticas que visem a sustentabilidade das ações e o equilíbrio entre as partes. É quando falamos sobre Governança Corporativa, suas diretrizes e princípios.

Para todo grupo social há de se ter estabelecidas normas e regulamentos que regem as relações entre pares para minimizar os conflitos de interesses e preservar o valor agregado às operações. A Governança Corporativa se torna um mecanismo de gestão que, em linhas gerais, maximiza a riqueza dos acionistas e gera valor para os stakeholders e todas as demais partes envolvidas.

Mas os efeitos transcendem esses resultados, pois afetam a sociedade e o ambiente, de forma geral, quando positivamente. Isso é tão sério que é adotado pelas corporações mundiais e contam com organismos orientadores de práticas como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, nossa maior instância.

Ainda que a Governança Corporativa seja uma prática desejada por corporações de capital aberto e que careçam de acionistas/cotistas para investimento de capital, as boas práticas podem (e devem) ser observadas por qualquer composição empresarial como forma de organização e zelo por valores universais como transparência, responsabilidade e equidade, por exemplo.

Além disso, a observância às práticas gera o fortalecimento da cultura corporativa preservada pela arquitetura de governança e seus processos decisórios. Desde a Assembléia, Conselhos e Comitês que garantem o fluxo dos dados e a eficácia da comunicação para o processo decisório estruturado. Porém, uma organização não se faz somente de estrutura e processos. Nela se encontram pessoas que carregam seus vieses de subjetividade que precisam ser avaliados para que haja o fortalecimento do capital social.

E esse cenário se torna mais crítico quando tratamos de empresas familiares que, muitas vezes, têm as relações confundidas em face de hierarquias dentro e fora das organizações. A escolha das pessoas é fundamental para se garantir o processo. Conhecer e entender as pessoas é um grande passo para que as boas práticas da Governança Corporativa sejam compreendidas e implementadas.

Governança Corporativa e Cultura Organizacional

Governança Corporativa é uma cultura organizacional. E, quando seus princípios não são seguidos, vemos grandes marcas perderem força diante de fraudes públicas e perda de valor das ações e de mercado, como foi o caso das Americanas, no ano corrente, que superou os R$25 bilhões de reais e deixou lições. Atualmente tramita no Senado projeto de lei que introduz novos tipos penais na Lei das Sociedades Anônimas. A negligência da Governança Corporativa, por muitas empresas, aumenta o risco de crimes.

Há uma grande diferença entre burocracia e gestão. Os fins precisam estar claros para que não haja esse equívoco. A Governança Corporativa é uma metodologia que profissionaliza a gestão e os seus agentes em torno de práticas sustentáveis e de resultado, seja contábil ou econômico. Governança educa gestores e investidores em torno de princípios que regem a vida em sociedade a longo prazo, preservando o ambiente coletivo e assegurando o equilíbrio ecológico corporativo.

REFERÊNCIAS

CAMILA PATI (Brasil). Veja Negócios. Governança será mais valorizada após as Americanas, diz presidente da Amec. 2024. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/governanca-sera-mais-valorizada-apos-americanas-diz-presidente-da-amec. Acesso em: 18 nov. 2024.

MAZZALI, Rubens; ERCOLIN, Carlos Alberto. Governança corporativa. Rio de Janeiro: FGV, 2024.

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